Espeleologia

 

O que é a Espeleologia?
 
Sendo uma atividade que se dedica ao estudo das cavernas, a Espeleologia não se resume aos aspectos técnico desportivos da progressão em grutas.
 
Ao estudar a génese, a evolução, o meio físico e biológico do mundo subterrâneo, a espeleologia é igualmente uma disciplina técnico científica que se interliga com ciências como a Geologia, Biologia, Arqueologia e Antropologia.
 
Outras técnicas utilizadas e igualmente importantes são a Fotografia, Topografia e Cartografia, que complementam a atividade do espeleólogo.
 
Desde tempos imemoriais que o homem se sente atraído pelas cavernas, quer como abrigo temporário ou definitivo quer como local mágico religioso dedicado ao culto dos deuses ou encantamento de inimigos, quer ainda como antecâmara do inferno ou local de atividades ligadas à magia negra. Também como um simples local que lhe chama a atenção e desperta a curiosidade, convidando a uma simples olhadela curiosa, a uma visita turístico desportiva ou a um paciente e apurado trabalho de estudo e investigação científica.
 
Mais ou menos em todos os locais existem cavidades no solo (naturais ou artificiais) mas é sobretudo, nas regiões onde existem extensões de rocha calcária que se encontram, verdadeiramente, o que é uso e costume designar-se por cavernas ou, mais popularmente, por grutas, covas, furnas ou algares.
 
Apesar de em todas as épocas, desde a mais remota antiguidade, haver referências escritas, mais ou menos interpretativas, sobre a existência das cavernas, é só no último quartel do século passado que começa o estudo propriamente dito dos fenómenos que estão na origem, evolução e morte das cavernas, através de um homem (francês de nascimento e formação) que, enfrentando as mais variadas e por vezes rocambolescas e incríveis dificuldades, se “atirou” à exploração e primeiros estudos de carácter científico das cavernas. Esse homem é o famoso e inesquecível Eduard Alfred Martel, verdadeiro pai da Espeleologia Moderna que, primeiro em França e depois noutros países, lançou as sementes do que viria a ser o grandioso e útil movimento espeleológico mundial. Seria, todavia, injusto não realçar igualmente a coragem, dedicação e esforço dos continuadores da obra de Martel que com ele vêm construindo e dignificando todo um edifício de saber técnico científico que dá pelo nome de ESPELEOLOGIA.
 
Neste ponto é natural colocarem-se as questões: O que é a Espeleologia? Do que trata? Qual ou quais os seus domínios e instrumentos de trabalho? Qual a sua utilidade?
 
Comecemos, então, pela definição do termo ESPELEOLOGIA que provém dos vocábulos gregos SPELAION (caverna) e LOGOS (tratado ou estudo). Pelo que a espeleologia consiste, essencialmente, no estudo das cavernas. Mais elucidativa, porém, é a definição de um consagrado estudioso das cavernas B. Géze e que diz o seguinte: “Espeleologia é a disciplina consagrada ao estudo das cavernas, da sua génese e evolução, do meio físico que representa, do meio biológico actual ou passado, assim como do meio e das técnicas adequadas ao seu estudo”. Por estas definições já se fica a saber o que é, do que se trata e qual o domínio da Espeleologia.
 
A Espeleologia e a Ciência
 
Para que se possa explorar e estudar uma caverna, a Espeleologia teve necessidade de recorrer aos conhecimentos já existentes em outros ramos do conhecimento para poder levar a bom termo o seu objectivo. É assim que podemos considerar a atividade espeleológica sob o duplo aspecto desportivo e científico. O aspecto desportivo prende-se, fundamentalmente, com as técnicas relacionadas com o alpinismo, além das propriamente espeleológicas, já que é necessário vencer inúmeros e, por vezes, difíceis obstáculos em que só uma boa resistência física, aliada a um bom conhecimento das técnicas existentes, permite ultrapassar. Estão neste caso a descida de poços, a escalada de chaminés e paredes ou a progressão em passagens estreitas, como exemplos.
 
Do aspecto científico, imensamente vasto e complexo, destacaremos apenas, devido ao seu peso no conjunto da atividade espeleológica, o agregado das ciências geológicas (Geologia, Hidrologia, Tectónica, Morfologia – superficial e subterrânea, Paleontologia, etc), a Biologia, a Arqueologia e as técnicas da Topografia, a Fotografia, o Cinema, entre muitas outras.
 
Quanto à utilidade da Espeleologia apenas chamaremos a atenção para os aproveitamentos das reservas hídricas existentes nos calcários, instalações hospitalares para doenças específicas, instalações científicas para investigação, refúgio e protecção de populações em caso de conflito ou como aproveitamento turístico.
 
Estas são muito resumidamente as partes boas da utilidade das cavernas, mas também aqui existe o reverso da medalha com utilizações que consideramos abusivas do património natural pertença de todos nós, centrado no aproveitamento para fins militares das redes subterrâneas ou, então, como autêntico caixote de lixo ou esgoto, sem qualquer respeito pelos outros indivíduos, afectando, deste modo, populações por vezes bastante distantes devido às características peculiares de circulação hídrica nos maciços calcários.
 

Cuidados ao explorar uma gruta: 

  • Nunca entre numa gruta desacompanhado. Procure uma Associação que trabalhe na região e se possível enquadre uma equipa de espeleólogos;
  • Não deixe nem retire nada do seu interior;
  • Não danifique os espeleotemas (evite pisá-los ou quebrá-los durante a sua progressão).
 

Ajude a preservar as Grutas, elas são património da Humanidade!!!